A confirmação que o Instituto de Cardiologia de Porto Alegre será o gestor do Hospital Regional, trazida na terça-feira, em primeira mão, pela colunista de Política do Diário, Jaqueline Silveira, é um passo importante, mas infelizmente, ainda está longe de significar a abertura do complexo hospitalar - ao menos com a totalidade dos leitos.
Isso porque o governo tentará abrir ao menos alguns serviços (ou leitos) inicialmente, até para fazer impacto em ano eleitoral, mas isso estará longe de resolver o problema do SUS na região. Além do mais, depois de tantos anos de espera, o mínimo que se esperava é que o hospital já estivesse funcionando a pleno.
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Esperamos que o governo do Estado tenha uma posição convincente sobre de onde serão tirados os R$ 61,2 milhões necessários para equipar e fazer reparos no prédio. Com essa crise nos cofres do Estado, de onde surgirá esse valor? E comprar e instalar todos esses equipamentos é algo bem demorado.
A informação extraoficial de que o Hospital Regional deve ter no mínimo 60% de atendimentos pelo SUS (na prática, poderá ser mais) e até 40% por convênios particulares pode não ser o ideal, mas infelizmente é o que permite a realidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Basta ver a situação de hospitais como a Casa de Saúde e outros da região, que ficam meses sem receber as verbas do Estado e, com isso, atrasam salários e enfrentam graves dificuldades financeiras. Só estão bem os hospitais filantrópicos que acabam ganhando emendas parlamentares ou verbas extras para se equipar, porém, para isso dependem de mendigar recursos e de ter boas relações políticas.
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E o discurso de que não se pode entregar à iniciativa privada um prédio público pode até ter certa razão, mas não será muito diferente de tantas concessões já feitas, como os aeroportos e rodovias.
Portanto, posso estar errado, mas acredito que mesmo que o Hospital Regional tenha de atender 20% ou 30% por convênios particulares, será melhor para mantê-lo com as contas equilibradas do que ter um hospital 100% SUS que funcione de forma capenga.
Santa Maria e região precisam seguir cobrando pela abertura do hospital regional, ainda mais que estamos em novo ano eleitoral e as promessas irão pipocar, como ocorreram no passado e não foram cumpridas. Tomara que a escolha de um hospital filantrópico seja melhor mesmo do que o plano original de transformar o Regional numa extensão do Husm, que, por ser hospital-escola, demora mais para atender os casos do que um hospital tradicional. No Husm, parte dos casos precisa ser estudado entre professores e residentes, o que leva mais tempo para concluir o atendimento.
Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Prédio do complexo hospitalar foi entregue em setembro de 2016